Astrologia no Antigo Israel
Princípios gerais
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Ao passo que lemos a Bíblia, de forma analítica, iremos ficar impressionados pela quantidade de material astrológico que ela referencia e contém. Não apenas encontramos referências diretas a interpretações astrológicas de eventos naturais, mas também existem claras alegorias astrológicas, bem como existem três tipos de astrólogos descritos no Livro de Isaías.
Portanto, devemos buscar responder à seguinte pergunta: Como os antigos hebreus praticavam a astrologia? Tinham eles as mesmas constelações? Os mesmos planetas? Quantos planetas eles viam? Qual a base de sua interpretação astrológica? Vamos começar a responder estas perguntas usando a mesma fonte que eles usaram - a Bíblia.
A chave para entendermos essa noção clássica de que a terra estaria dividida em dimensões, pontos cardeias, fuso-horários, meridianos, etc., nos é revelado de forma sucinta no texto de Deuteronômio 32:8, que diz:
Ou seja, 12 é o número que representa as diversas dimensões de consciência em que a humanidade se encontra dividida. Se nós dividirmos o círculo, forma de perfeição geométrica, com 360 graus, em 12 partes, teremos os 30 graus que definem as características de cada signo do zodíaco.
Israel, segundo a Bíblia, tinha 12 filhos - um filho para cada constelação do Mazlot (מַזָּלוֹת). Assim, os antigos israelitas usavam as personalidades destes 12 filhos, sendo essas personalidades referidas em várias partes da Bíblia, como chave para entenderem os poderes inerentes nas constelações zodiacais. Esse entendimento foi claramente defendido pelos rabbis, que citaram esta passagem bíblica como prova de seu cálculo sobre o fato de o mundo descansar sobre 12 pilares.
Talmud babilônico, Chagigah p. 12b, reza:
É ensinado em um baraita: Rabi Yosei diz: Ai deles, as criações, que veem e não sabem o que veem; que se levantam e não sabem sobre o que estão. Ele esclarece: Sobre o que está a terra? Sobre as colunas, como se afirma: "Quem sacudiu a terra do seu lugar, e tremem as suas colunas" (Jó 9:6). Essas colunas estão posicionadas sobre a água, como se afirma: "Àquele que espalhou a terra sobre as águas" (Salmos 136:6). Estas águas erguem-se sobre montanhas, como se afirma: "As águas estavam acima dos montes" (Salmos 104:6). Os montes estão sobre o vento, como se afirma: "Porque eis que Ele forma os montes e cria o vento" (Amós 4:13). O vento está sobre uma tempestade, como se afirma: "Vento tormentoso, cumprindo a sua palavra" (Salmos 148:8). A tempestade paira sobre o braço do Santo, Bendito seja Ele, como se afirma: "E debaixo estão os braços eternos" (Deuteronômio 33:27), o que demonstra que o mundo inteiro repousa sobre os braços do Santo, Bendito seja Ele.
Ora, o próprio Platão parece corroborar essa mesma perspectiva sobre o nosso mundo, fato amplamente desconsiderado pelas academias. No seu diálogo Phaedo (Fédon), na parte 108c, ele nos informa:
Essas regiões, mencionadas pelo Talmud babilônico e por Sócrates, nos revelam um quadro bastante complexo que parece se coadunar com os 12 pilares zodiacais crido pelos antigos hebreus como indicando regiões de poder na terra, e que eram do conhecimento dos antigos, e também foram usadas para grandes construções como as pirâmides, Baal Bek (Líbano), dentre outras construções mágicas que sobrevivem até hoje, e que estão envoltas em mistério.
Os escritos místicos judaicos (Zohar Vay'hi: Sefer Raziel 52a) e a literatura apocalíptica (O Livro de Enoque: Testamento dos Doze Patriarcas, Levi) todos assumem esta correspondência entre o número dos filhos de Jacó e as constelações do Zodíaco como sendo a regra normativa na astrologia judaica clássica.
Existem várias referências midráshicas e talmúdicas a esta correspondência que serão enumeradas aqui. Talvez a mais fina das referências seja a compilação feita pelo grande erudito L. Ginzberg sobre as lendas dos judeus, que ilustra esta conexão mais dramaticamente no seu Volume II, e mediante documentos em notas nas páginas 67-70 do Volume V, sob o verbete 'José':
"Jacó foi assim o único dentre o ciclo mais próximo de José que permaneceu em ingnorância do verdadeiro destino de seu filho, e ele foi aquele que tinha a maior razão para se arrepender de sua morte. Ele falou: O pacto que Elohim fez comigo com referência as doze tribos está agora invalidado. Eu me esforcei em vão para estabelecer as doze tribos, visto que agora a morte de José destruiu o pacto. Todas as obras de Elohim foram feitas com base no número das doze tribos - doze são os signos do zodíaco, doze meses, doze horas a cada dia, doze horas da noite, e doze pedras no peitoral de Arão-e agora que José partiu, o pacto das tribos foi desfeito."
(fonte: Jewish Publication Society of America, Vols. II e V, Philadelphia, 1946.)
Rabbi Shimon ben Pazi relatou que Rabi Yehoshua ben Levi disse em nome de Bar Kappara: Qualquer um que saiba calcular as estações astronômicas e o movimento das constelações e não o faça, o versículo diz sobre ele: "Eles não tomam conhecimento da obra de Deus, e não veem Sua obra" (Isaías 5:12).
De forma bem similar, a literatura apocalíptica de João, no Brit Hadasha (Novo Testamento), aponta para algo bem similar, usando uma linguagem astrológica, em Apocalipse 10:1, vejamos:
O vetor religionatural proveniente da interpretação astrológica era experiência que os hebreus tiveram como nômades no deserto, e depois como membros da complexa sociedade urbana agro-cultural em sua história. Em ambos os aspectos de seu desenvolvimento comunal, os céus eram vitais para a sua sobrevivência. No deserto "o ermo solitário cheio de uivos..." (Deuteronômio 32:10). As estrelas em suas constelações lhes proviam os sinais durante suas peregrinações.
Os nômades tinham que ser excelentes "navegadores dos céus" para sobreviverem. O interessante é que a própria palavra "navi" (árabe "nabi"), hebraico arcaico para profeta (נָבִיא), significa "aquele que navega os céus por presságios", e nos presenteou, em português, com a palavra "navio" que, segundo a prática clássica seguida pelos navegadores portugueses, aponta para ciência de navegação através da observação dos astros e constelações.
Visto que todo fenômeno natural era atribuído pelos ancestrais dos hebreus à providência de Elohim, todos os fenômenos naturais eram considerados eventos mágicos e religiosos. Hoje, esse fato pode ser visto claramente no calendário lunar judaico.
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Não deveria nos surpreender que, nesse período, os israelitas entraram em uma fase de decadência que os levaria à servidão pelo império assírio, sob o reinado de .