O Misticismo no Período Gueônico
A criatividade mística nos períodos mishnaico e talmúdico.
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O termo Gaon em : גאון; plural Gueonim ou Gaonim (em : גאונים), brilho, esplendor, excelência, é o nome dado aos presidentes das duas grandes escolas : de e de , na , do início da , nos séculos VII-X , sendo aceitos como autoridades por todas as comunidades da . Esse título GAON é provavelmente uma abreviação de יעקב גאון (Salmos 52) dado aos rosh yeshivá (em Aramaico: resh metibta), essa última a designação oficial aos chefes da Academia.
O misticismo se desenvolveu nesse período, tanto na Palestina como na Babilônia, seguindo o mesmo padrão do período anterior. A modalidade de escrita apocalíptica continuou demonstrando grande ímpeto; existem exemplos desde o tempo dos amoraim até quase o período das grandes Cruzadas, e eles foram coligidos na grande antologia por Judah Even Shemuel, a Midrashei Ge'ulah (1954), a maioria deles procede do período gueônico. Esses escritos místicos apresentam uma notável conexão com a tradição defendida na Merkavah e diversos foram conservados em manuscritos de obras produzidas por autores de orientação mística. Simon b. Iochai surge aqui pela primeira vez, ao lado de R. Ishmael, como um portador da tradição (קַבָּלָה) apocalíptica (na obra Nistarot de R. Shimon b. Iochai). Os apocalipses também foram atribuídos ao profeta Elias, a Zoro-babel e a Daniel.
No outro extremo, houve um grande crescimento e florescimento nesses círculos de uma angeologia, e de uma teurgia que produziram uma literatura muito rica, em grade medida ainda em existência, nesse período. Em vez da contemplação da Merkavah (Carruagem), ou além da contemplação, essa literatura apresenta um forte conteúdo de magia prática oriunda de muitos aspectos, associada aos príncipes da Torah, cujos nomes variam. Ela contém muitos encantamentos dirigidos ao anjo Iofiel e seus companheiros, quais príncipes da sabedoria e da Torah, e são referenciados em grande número de manuscritos e papiros mágicos. Havia também, nesse período, o costume de conjurar esses príncipes particularmente no dia anterior ao Dia da Expiação, ou mesmo na noite do Dia da Expiação. Encontra-se, também, fórmulas para propósitos mais mundanos e que forma conservadas em muitos encantamentos escritos em aramico babilônico por "Mestres do Nome" (Baal shem tov) judeus, e que nem sempre eram favoráveis a clientes judeus.
"Ba'al Shem (do hebraico בַּעַל שֵׁם, Mestre do Nome Divino", lireralmente "Possuidor do Nome") era o título dado popularmente e na literatura judaica, especialmente em obras cabblísticas e chassídicas, da Idade Média em diante, a alguém que possuía o conhecimento secreto do Tetragrammaton e de outros "Nomes Sagrados" e que sabia como operar milagres através do poder desses nomes. A designação ba'al shem não se originou com os cabbalístas, pois já era conhecida dos últimos gueonim (nome dado aos presidentes das duas grandes escolas rabínicas: de Sura e de Pumbedita , na Babilônia, do início da Idade Média, nos séculos VII-X d.Cnome dado aos presidentes das duas grandes escolas rabínicas: de Sura e de Pumbedita , na Babilônia, do início da Idade Média, nos séculos VII-X d.C) babilônicos. Em uma resposta, Hai Gaon afirmou: "Eles testemunham haver visto um certo homen, um dos muitos conhecidos ba'alei shem, na véspera do Shabbat em um lugar, e que ao mesmo tempo ele foi visto em outro lugar, longe dali vários dias de viagem". Foi nesse sentido que Judá Halevi criticou as atividades dos ba'al shem (Kurazi, 3:53). "
Isso pode ter gerado a fama medieval do estereótipo judeu como sendo um mágico ou feiticeiro. Conceitos do círculo místico da Merkavah, assim como ideias mitológicas e agádicas (compêndio de textos rabínicos) - algumas delas desconhecidas de outras fontes - infiltraram-se em grupos muito distantes do misticismo e se mostraram bem mais próximos da magia.
O estudo dos demônios é chamado de demonologia. É visto como um âmbito da Teologia quando se envolve o estudo de textos bíblicos. Por fim, ao falar sobre os demônios elaborados no Cristianismo, pode-se ter sido um estudo realizado por meio da hierarquia bíblica. É ainda além de não ter uma direção ao culto dos demônios. Entre os especialistas na demonologia, o casal Edward and Lorraine Warren se destacam.
No , o demônio "" ( no ) não era um anjo, mas algo diferente, um "" (humanos teriam sido criados da terra, anjos da luz e jinn do fogo). Os "Jinn" não seriam necessariamente maus, poderiam ser bons ou pecadores, assim como os humanos. Portanto, os jinn e humanos seriam as únicas criações de Deus com , enquanto anjos só poderiam seguir a vontade de Deus.
Segundo a Igreja Católica, Deus criou anjos e entre eles havia um chamado Lúcifer, que era dito ser o mais belo. O nome significa "a estrela da manhã, o ", ou, como um , "portador da luz". Este anjo quis ser como Deus. Esse foi o primeiro existente, com isso ele foi exilado dos céus.
Muitos estudiosos acreditam que o recebeu originalmente os conceitos de escatologia, angelologia e demonologia do . Na tradição do Zoroastrismo, Aura-Mazda, força do bem, eventualmente seria vitorioso em uma batalha com a força do mal conhecida como Arimã. No , quando Deus ordenou àqueles que presenciaram a criação de Adão, que se ajoelhassem perante ele, "Iblis" se recusou a fazê-lo, e então foi condenado por recusar a obedecer à vontade de Deus. O afirma explicitamente a existência de espíritos adversários menores. No Cristianismo, Satã é o líder de uma força do mal, se opondo ao todo bondoso Deus.
O ramo da teologia que estuda os anjos é chamado de angeologia. Assim, como os Pais da Igreja (sólo de Orígenes de Alexandria) não mostravam interesse particular na natureza dos anjos, é possível afirmar que Santo Agostinho formulava as fundações das doutrinas angelológicas ocidentais no século IV d.C.
O estudo da demonologia e angeologia cresceu, com riqueza de detalhes, durante o período gueônico. Muitos exemplos disso (publicados por Montgomery C. Gordon e outros) foram encontrados em tigelas de barro que eram enterradas, segundo o costume, sob o umbral das casas. Esses utensílios e costumes encontram paralelos importantes entre os encantamentos transmitidos através da tradição literária nos fragmentos da Guenizah e no material que se disseminou entre os chassídicos ashkenazes (por exemplo, no Havdalah de R. Akiva).
A teologia e a angeologia dos encantamentos nem sempre foram explicadas corretamente por seus editores, os quais viam neles uma teologia heterodoxa (para um exemplo disso, veja a obra de Scholem, Jewish Gnosticism (1966), 84-93). Foi na babilônia também, aparentemente, que o livro Raza Raba ("O Grande Mistério") foi composto. Esse livro foi atacado pelos caraítas como obra de feitiçaria, mas o livro de fato contém material mágico, mas os fragmentos existentes mostram que contém também conteúdo da Merkavah, em forma de um diálogo entre o R. Akiva e R. Ishmael.
Como a angeologia desses fragmentos não tem paralelo em outras fontes, aparentemente, a obra é uma cristalização de outra forma anterior da teoria dos "aeons" e de especulações de carácter gnóstico. O estio empregado, muito diferente daquele dos heichalot, indica um estágio muito posterior. Esses fragmentos foram publicados por Gershom Scholem em Reshit ha-Kabbalah 91948), p. 220-38.
Nesse período, a ideia da transmigração das almas (guilgul) também foi estabelecida em diversos círculos orientais do judaísmo. Aceita por Anan b. David e seus seguidores (até o décimo século) - embora depois rejeitada pelos caraítas - essa ideia também foi atodata por aqueles círculos cujos vestígios literários foram reunidos pelos redatores do Sefer ha-Bahir. Para Anan (que compôs um livro sobre esse assunto) e seus seguidores, a ideia, aparentemente originada entre seitas judaicas persas junto com mutazilitas islâmicos, não continha qualquer aspecto místico. Aparentemente, no entanto, a ideia mística da transmigração se valia de outras fontes, pois nas fontes do Sefer ha-Bahir, ela aparece como um grande mistério, aludido apenas através de alegorias, e baseda em versículos bíblicos mutios diferentes daqueles citados pela seita de Anan e repetida por Kirkisani em seu Kitab al-Anwar, o "Livro das Luzes" (parte 3, capítulos 27 e 28);
Um novo elemento foi acrescentado à ideia dos Nomes Sagrados e dos anjos que ocupavam posição proeminentemente na teoria da Merkavah.
As frases empregadas na criação do mundo foram concebidas ora como forças no interior da Carruagem, ora como "aeons" (emanações), midot ou hipóstases (em grego clássico: ὑπόστᾰσις - hypostasis, "substância"). Até que ponto essa especulação é associada à visão das dez Sefirot no Sefer Yetsirah não fica claro ao leitor descuidado. É evidente, contudo, que, nos círculos gnósticos judaicos, o conceito de Shechinah ocupava uma nova posição completamente diferente. Nas primeiras fontes, "Shechinah" (relacionado aos ciclos de Nogah, Vênus) é uma expressão usada para indicar a presença de Deus, em pessoa, no mundo, e não é mais do que um nome código para essa presença; mais tarde, o termo se torna passa a se tornar uma hipóstase separada de Deus, uma distinção que aparece primeiro no antigo Midrash sobre o Livro de Provérbios (Mid. Prov.47a: "A Shechinah ficou diante do Santíssimo, louvado seja Ele, e disse a Ele"). Em contraste com essa separação entre Deus e sua Shechinah, surgiu, então, outro conceito original - a identificação da Shechinah com a Knesset Israel ("comunidade de Israel"). Nessa obviamente gnóstica, as alegorias que o Midrash usa para descrever o santíssimo, louvado seja Ele, com a comunidade de Israel, são transmutadas nesse conceito gnóstico da Shechinah ou "filha", nas fontes orientais incorporadas ao Sefer ha-Bahir (ibid., p. 78-107). Diversos símiles do livro só podem ser entendidos em um contexto inteiramente oriental. Isso significa dizer que devemos alterar a nossa percepção para compreendermos a realidade como ela é, e não como a queremos ver. Na antiga Babilônia, por exemplo, havia afirmações a respeito da tamareira e sua significação simbólica. A ascenção do arrependido para alcansar o Trono da Glória é interpretada em um Midrash posterior (Pessikta Rabati 185a) como sendo uma ascensão concreta do pecador arrependido através de todos os firmamentos (רָקִיעַ) raqia, e assim o processo de arrepnedimento é aqui intimemente relacionado com o processo de ascensão à Carruagem, de uma forma muito similar ao episódio que ocorreu com Elias, o profeta.