Debate Histórico sobre a Lua Nova
A Lua Nova na antiga mesopotâmia
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A Lua Nova na antiga mesopotâmia
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Nesta Aula 27, iremos cobrir a discussão histórica sobre a Lua na mesopotâmia, sua mitologia, e importância, bem com os métodos antigos de observação. Notemos que, no Livro de Gênesis, não apenas nos é informado que a Lua participa com o Sol na definição de dias, meses, estações, anos, mas também de sinais (oráculos) para a nossa vida na terra.
No Antigo Oriente Próximo, o deus-lua era a divindade mais importante dos três irmãos astronômicos. O deus-lua Nanna-Sin era o irmão mais velho, e o deus-sol (Utu-Shamash) e Vênus (Inanna-Ištar), irmão mais novo e irmã mais nova. Isso, na minha opinião, reflete a importância da Lua na cronologia, pois ela determina tanto o mês como o dia e o ano por meio de suas fases. O dia, marcando cada dia do mês por sua forma, localização e hora específicas de nascer ou se pôr, por exemplo, e a lua nova crescente no horizonte ocidental, imediatamente após o pôr do sol, marcando o primeiro dia do mês; a lua cheia no horizonte oriental, em frente ao Sol poente no horizonte ocidental, marcando o meio do mês; e a Lua Minguante marcando o fim do Mês.
Inanna é uma deusa mesopotâmica ligada ao amor, erotismo, fertilidade e fecundidade. Apesar de ser venerada em todas as cidades sumérias, era particularmente dedicada a Ur. Ela foi adorada pela primeira vez na Suméria, e depois foi adorada pelos acadianos, babilônios e assírios sob o nome de Istar. Em sumério, ela é chamada 𒀭𒈹 - inanna, também 𒀭𒊩𒌆𒀭𒈾 Dnin-an-na.
A deusa Ningal era considerada a esposa de Sin. Inanna (Ishtar) e Utu (Shamash, Shemesh na Bíblia) são seus filhos mais confiáveis, mas outras divindades, como Ningublaga ou Numushda, também podem ser consideradas parte de sua família.
Sin (/ˈsiːn/) ou Suen (Akkadiana:, dEN.ZU), também chamado Nanna (Sumério:, DŠEŠ.KI, DNANNA), foi um deus mesopotâmico que representava a lua. Ainda que esses nomes vêm de idiomas diferentes, akkadiano e sumeriano, eles foram usados como um nome para a mesma deidade durante a Idade Média. Ocasionalmente, eles foram combinados no nome duplo Nanna-Suen. Dilimbabbar é outro nome bem conhecido. A palavra 'sin' em inglês, aponta, na sua etimologia, para o fato de não observarmos as fases da Lua, e assim errarmos quanto aos nossos assuntos na terra.
O deus-lua Nanna para os sumerianos, Sin para os akkadianos, sempre foi considerado o cabeça do tempo. Quando usamos os pronomes 'ele', 'ela', ou 'deus' e 'deusa', são originalmente para indicar as duas energias emitidas pelos astros, a energia geradora de vida, e a energia punitiva, na linguagem alquímica, elas se referem a eletricidade e magnetismo, que ao serem combinados, permitem a vida em seus amplos domínios, animal, vegetal, marinho, etc.
Saiba mais sobre a lua na mitologia sumeriana, a qual influenciou os babilônios, nas páginas da Wikipedia:
Os sumérios o chamavam de Nanna, mas os akkadianos (etimologia) o chamavam de Sin, palavra que pode ter originado nominativo inglês 'sin' (pecado), ou o erro gerado por não se observar as fases da lua e suas influência inegáveis na vida. Ele era proeminente, pois era considerado como sendo o pai tanto do Sol quanto de Vênus, os gêmeos divinos. E coma a lua rege a noite, isso era considerado como refletindo o antigo conceito de que o dia começa originalmente pela noite, e assim o Sol nasceria da Lua, a luz que emergia das trevas. Essa perspectiva é claramente refletida nas primeiras palavras da Tanakh, talvez uma das únicas referências à mitologia mesopotâmica. Vejamos:
As palavras Tohu e va-Vohu, são representativas da escuridão e do caos que reinavam no sistema cosmogônico sumeriano, a qual os akkadianos e babilônios herdaram e passaram para os demais povos semitas, dentre eles, os antigos hebreus.
Deveras, a similaridade é mais próxima do que a visão distorcida promovida pelas traduções em português, inglês, alemão, etc. A palavra original, traduzida 'Deus', é de fato um termo nominativo no plural - Elohim. Assim, uma tradução mais correta seria, "E o espírito dos deuses se moviam sobre a face das águas." O espírito aqui, indicando a força e virtude dos astros na imposição de ordem, sinergeticamente, no cosmos.
O surgimento da Lua Nova (fase considerada como parte da lua crescente) anunciava o início do de cada novo mês. Este evento era considerado pelos antigos mesopotâmicos como sendo o mais importante de todos os movimento astrais. Pois ele governava tanto o tempo como o calendário. Seu símbolo, cravado sobre muitas estatuetas dos reis, era a Lua Crescente - frequentemente descrita como uma linha que juntava as pontas da lua que completariam o seu círculo. No tempo do rei Esarhaddon, rei da Assíria, a imagem de Sin (lua) aparecia em sua estela.
Também, na obra em inglês, "A History of the Babylonians and Assyrians", p. 41, somos informados sobre o antigo papel da cidade de Eridu, na Suméria:
Aqui estava o templo do Sin, o deus da lua, cujas ruínas se elevam setenta metros acima da planície. Do outro lado do rio, trinta milhas a nordeste, estava Larsam (agora Senkereh), o bíblico Ellasar, onde o deus do sol Shamash tinha seu templo.
Goodspeed, George Stephen. Uma História dos Babilônios e Assírios (p. 41). Leturável.
Observamos que os antigos hebreus estavam bem a par do que isso significava e participavam em construir Zigurates, ou, como se diz no antigo hebraico 'tell', os quais eram torres de observação dos movimentos e oráculos de natureza astrológico-astronômica. No passado, enquanto a astronomia era uma abordagem objetiva, a astrologia era considerada subjetiva. Eram duas faces da mesma moeda.
No Léxico Hebraico por Brown-Driver-Briggs, encontramos a definição de 'tell' em hebraico:
A famosa Torre de Babel era um de tais pontos de observação, considerada pelo povo comum como centros de adoração, mas que para os sacerdotes, altamente educados, eram centro de observação astronômica, e desses pontos eles observação a movimentação da lua, ao percorrer as casas, os aspectos, os oráculos usados, tão habilmente, pelos profetas, ou navi'is, navegadores dos céus.
No livro, Astrology in Ancient Mesopotamia, por Michal Baigent, reza na página 8, o seguinte:
...archaeologists have recorded the sites of more than six thounsand city mounds, called tells, and they estimate that the original population of the area would have numbered in the millions. These reamains, only a small number of which have been investigated, are testimony that there are many treasures awaiting future generations of excavators.
O texto bíblico nos diz que o patriarca Abrão, saiu originalmente de Ur dos caldeus para a região de Cannan, no que seria mais tarde, sob Moisés, Israel.
No entanto, no livro de Gênesis, capítulo 12, verso 10, nos diz que ele "desceu até o Egipto". Vejamos o que nos informa o historiador Flávio Josefo, nas suas Antiguidades dos Judeus, Livro I, capítulo 8, parágrafo 2.
Pois ao passo que os egípcios eram anteriomente adicionados a diferentes costumes, e desprezavam os ritos sagrados de outros, e demonstravam certa fúria quanto a isso, Abrão conferenciou com cada um deles, e, argumentou contra os raciocínios deles, e suas prórpias práticas, demosntrou que tais pensamentos eram vãos e desprovidos de verdade; devido a isso ele foi admirado por eles como sendo um homem sábio, e alguém de grande sagacidade, quando discursava sobre qualquer tema; não apenas em entendimento sobre os temas como também em persuadir outros a seguirem o que assertava. Ele os comunicou a aritmética, e os entregou à ciência da astronomia; pois, antes de Abrão vir ao Egipto, eles não estavam familiarizados com estes aspectos de aprendizado; pois essa ciência veio dos caldeus ao Egipto, e de lá também para os gregos.
O dia de aparição da Lua era significante: se ela aparecesse, nos dias de transição corretos - primeiro dia, sétimo, décimo quarto dia, ou vigésimo oitavo - esses são os dias em que a lua realiza a transição de fases, seja nova, crescente, cheia, ou minguante. Segundo a Tanakh, os dias mais importantes ocorrem nos:
A lua realiza a sua transição nesses dias, em diferentes meses do ano, em alguns meses ela é nova no dia 8, em outros no dia 15, 22 e 29. Outro ponto a ser considerado é quando esse padrão muda, por exemplo, em um determinado mês, ela pode ser nova no dia 8 e em outro mês, ela pode ser nova no dia 22, etc. Também, devemos estar atentos a 'sinais' exibidos pela lua, como os seus "chifres", se eles se mostram iguais em tamanho ou não, se mostram ter a mesma luminosidade ou não, se a lua possui uma áurea em torno dela, ou mesmo se outro planeta, estrela, ou constelação jaz dentro dessa áurea, se o sol e a lua são vistos juntos no mesmo dia de transição, ou se ocorre algum eclipse.
Todas essas possibilidades forma sistematicamente escritas nas tabletas Enuma Anu Enlil, com todas as previsões possíveis desses 'sinais'. A palavra grega usada no Livro de Apocalipse é σημαίνω, da raiz σῆμα, um sinal astrológico. Esta palavra é também usada por Euclides, em sua obra clássica de geometria axiomática, "Os Elementos". Veja essa palavra grega no texto:
O tempo aoristo no grego se refere a um evento pontual, em momento singular e sem limites, não determinado, envolvendo uma ação subjetiva com base em uma resolução, uma ação probabilística.
Já a palavra 'sinais' em hebraico é mencionada no Livro de Gênesis com referência à lua, capítulo 1, verso 14. Vejamos:
A obra sumeriana Enuma Anu Enlil na versão PDF:
Para mais informação sobre a obra clássica astrológica Enuma Anu Enlil, leia esse artigo na Enciclopédia Britânica:
Fontes rabínicas do final da Antiguidade descrevem um procedimento elaborado para determinar quando a lua nova se tornou visível pela primeira vez e, portanto, quando o novo mês começou. Este procedimento é referido em hebraico como qiddush ha-ḥodesh, uma frase ambígua que pode ser traduzida como "santificação do mês" ou "santificação da Lua Nova’; De qualquer forma, a noção de santidade e, portanto, a dimensão religiosa do calendário rabínico, é evidente.
O procedimento é descrito na íntegra na Mishná (início do século III d.C.), uma das primeiras obras da literatura rabínica, no tratado Rosh Hashaná.
Fonte da citação:
Em resumo, a determinação da lua nova e, portanto, do novo mês é apresentada como prerrogativa exclusiva de um único corpo de rabinos, referido como uma "corte", que teria sido localizada originalmente em Jerusalém.
Após a destruição do Templo em 70 d.C., a corte é apresentada na cidade judaica ocidental de Yavneh (Jâmnia), pelo menos até o início do século II, após o qual as fontes se referem a vários locais na Judeia ocidental e na Galileia. As decisões eram baseadas em avistamentos da lua nova por membros do público, que iam ao tribunal rabínico para testemunhar que tinham visto a lua nova. Esperava-se que testemunhas de toda a Judeia viajassem ao tribunal, se necessário até mesmo no sábado, para relatar seus avistamentos na lua nova.
A decisão da corte foi então disseminada por toda a Palestina e para a diáspora judaica na Babilônia, originalmente através de uma cadeia de faróis, mais tarde enviando emissários especiais.
Na próxima Aula 28 - A Astronomia Básica, iremos discutir vários métodos e softwares que podem ser usados para a determinação das fases da lua. Também, iremos consioderar as noções básicas do seu moviemnto. Shalom!
A palavra 'Din' é interessante, pois representa 'deus', uma 'divindade', que está na raiz de adivinhação, prever o futuro. Em sua homenagem, a sacerdotisa 'Enheduana' compôs 42 . Ela era conhecida como a "Rainha do Céu" e era a deusa padroeira do templo de Eana na cidade de Uruque, que era seu principal centro de culto.
nota: Como temos aprendido no curso , a palavra אלהים (Elohim) é tecnicamente dual, pois aponta para as duas energias que são eletricidade e magnetismo. Ao passo que, quando temos mais de duas hipóstasis (substâncias, entes) se entende como plural.
O assiriólogo finlandês, , em sua obra intitulada "Letters from Assyrian Scholars to the Kings Esarhaddon and Assurbanipal, Part II: Commentary and Appendices. Alter Orient und Altes Testament 5/2, Neukirchen-Vluyn: Butzon & Bercker, 1983.," elaborou profundamente sobre a influência da antiga assíria sobre as nossas crenças, ideais religiosos e mitológicos.
O foco principal da pesquisa de tem sido o estudo do Império Neo-Assírio em todos os seus aspectos (língua, literatura, história, geografia, sociedade, religião, ideologia real e ciências), mas ele também contribuiu para o estudo da escrita do Indo, língua suméria, misticismo judaico e identidade assíria nos tempos pós-império, entre outros.