Sufixos Pronominais no Imperfeito/vav-Yiqtol
Os Verbos Hebraicos Indicativos de Ação Contínua ou Progressiva
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Os Verbos Hebraicos Indicativos de Ação Contínua ou Progressiva
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Nesta Aula 25 — Parte 1, trataremos sobre a introdução ao princípio de ação contínua ou pregressiva, essa descoberta irá produzir um impacto definitivo sobre muitas das nossas crenças populares sore diversos aspectos bíblicos.
O pretérito perfeito indica uma ação concluída no passado. Exemplo: estudei, vendi, parti.
O pretérito imperfeito indica uma ação que aconteceu no passado, mas que não foi totalmente concluída. Exemplo: estudava, vendia, partia.
Os verbos no hebraico possuem dois tempos principais: o perfeito e o imperfeito. O perfeito indica ação completada. O tempo imperfeito indica ação incompleta ou contínua, ou ação em progresso.
A linguística desempenha um papel crucial nesse estudo, pois estamos estudando a Tanakh do ponto de vista científico e não dogmático/religioso. Na obra “Advances in the Study of Biblical Hebrew and Aramaic”, por Benjamin J. Noonan, p.32, nos diz:
Linguistics can be defined as the scientific study of language, and a linguist is someone who studies linguistics. (p.32)
No livro de Bereshiyt (Gênesis) 1:1, por exemplo, no hebraico, é um verbo no perfeito, mostrando que a ação de criar os céus e a terra fora completada.
Vejamos o que nos diz o hebraísta James Washington Watts no século XIX.
Já em Bereshiyt 2:2, “passou a descansar”, deve ser a tradução correta, pois o verbo hebraico está no estado imperfeito, indicando ação incompleta ou contínua, ou ação em progresso. Vejamos o entendimento dessa passagem no primeiro século E.C.
Por que o verbo hebraico וַיִּשְׁבֺּת é um verbo no imperfeito, indicando que a ação descrita no texto é incompleta ou contínua, ou ação em progresso? Na maioria DAS TRADUÇÕES BÍBLICAS, esse aspecto é completamente ignorado, mesmo havendo outros indícios de ação em progresso, vejamos quais são elas:
Em todos os seis dias da criação se menciona, ao final, “E foi tarde e foi manhã, o primeiro dia…, o segundo dia…, o terceiro dia"…, etc. A expressão hebraica é a seguinte: וַיְהִי־עֶרֶב וַיְהִי־בֹקֶר יֹום אֶחָד — va-yehi erev, va-yehi boqer yom echad. O único dia que não recebe essa observação é o sétimo dia.
O verbo וַיִּשְׁבֺּת — va-ishebot está no estado imperfeito, e indica ação progressiva.
A melhor tradução seria “e passou a repousar”.
E isso mostra que, no hebraico, uma ação ocorrida no passado pode ser indicada por verbos no imperfeito, se tal ação é considerada incompleta, ao passo que uma ação a ocorrer no futuro pode ser indicada por verbos no perfeito, se tal ação é considerada completa — e.g., as profecias!
Finalmente, o entendimento desse aspecto íntimo da língua hebraica, chamado de vav-yyiqtol, é claramente a razão de Paulo, na sua Epístola aos Hebreus 4:4-7, nos dizer o seguinte:
Pois ele falou em certo lugar do sétimo dia sobre este dia sétimo, E Deus descansou o sétimo dia de todas as suas obras. E neste lugar novamente, se entrarem no meu descanso. Vendo, pois, resta que alguns devem entrar nele, e aqueles a quem foi pregado pela primeira vez não entraram por desobediêcia
Mais uma vez, ele disse em Davi: Até hoje, depois de tanto tempo; como se diz: Até hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais vossos corações. ...(Epístola aos Hebreus 4:4-7).
Finalmente, no vs 8, ele conclui: “Pois, se Josué lhes tivesse dado descanso, não teria depois falado de outro dia. Resta, portanto, um descanso para o povo de Deus.”
A Tanakh abunda, especialmente nos profetas, desse nuance verbal onde o estado imperfeito indica ação continuada e, por outro lado, um verbo no perfeito é usado para se referir a um evento a ocorrer no futuro, vejamos:
Por que repeti-la 2 vezes? O valor gemátrico de נָפְלָ֤ח = 165 = 12 duas vezes 24, as duas direções da análise astrológica de babilônia (astrologia mundana). Segundo o Yaakon Kronenberrg, em sua obra “Jewish Astrology — A Cosmic Science”, p. 96, o antigo método de análise astrológica considerava as leitura a favor e contra o relógio, uma definia a perspectiva material, e a outra definia a perspectiva espiritual. Veja que o número 24 aponta para as duas leituras das 12 influências do Zodíaco.
Qual seria o verdadeiro descanso sabático, segundo esse princípio e tomando-se como referência a Epístola aos Hebreus? Ora, sabemos que Paulo lia em hebraico clássico, e, portanto, sabia dessas nuances. Assim, ele sugere que o verdadeiro descanso é a desistência de obras mortas e o empenho pela verdadeira justiça de Hashem. A lei era apenas um código, e deveria ser superada no sentido de se aplicar os seus verdadeiros princípios.
Já no texto de Devarim 30:7 (Deuteronômio 30:7) vemos um verbo no estado perfeito sendo aplicado no estado progressivo — uma ação contínua. Vejamos:
Segundo a Kabbalah, os 623 mandamentos da Lei são, na verdade, os desejos humanos que devem ser vencidos pela Luz Divina. De fato, os nunces verbais nas línguas modernas, português, inglês, alemão, etc., são oriundas das muitas aplicações dos verbos hebraicos. Ao estudar o hebraico, conhecemos melhor a nossa própria língua moderna.
Portando, no hebraico, uma ação ocorrida no passado pode ser indicada por verbos no imperfeito, se tal ação é considerada como incompleta, ao passo que uma ação a ocorrer no futuro pode ser indicada por verbos no perfeito, se tal ação é considerada como completa. Aqui está a explicação linguística da “profecia”, algo que deve ocorrer e já pode ser considerado ação completada.
O estado imperfeito do verbo hebraico (com o vav consecutivo), pode ser vertido em português pelo uso de expressões auxiliares, tais como “passar a”, “prosseguir a”, “continuar a”, bem como pelo pretérito imperfeito, pelo presente do indicativo, etc. Isso certamente só vem a confirmar as conclusões de Albert Einstein, de que o tempo é “relativo”, a nossa ação é crucial em nossas vidas, ela de fato está acima do tempo.
Na Aula 25, parte 2 - daremos sequência a esse estudo das escrituras hebraicas e suas peculiaridades que produziram os princípios que formaram a linguagem e filosofia da Kabbalah. Na segunda parte da Aula 25 conhecemos detalhes dessas conjugações, sua filosofia, e suas aplicações na Kabbalah. Shalom!
Por que essa referência é crucial para entendermos o princípio gramatical do verbo qal no imperfeito sequencial, na terceira pessoa masculino singular? Vejamos como a define o Léxico de Strong - .